5 de julho de 2014

II Módulo da CAEP - Comunidade de Aprendizagem em Educação Popular


Aconteceu no período de 27 à 29/06 na Escola Nacional Florestan Fernandes o segundo módulo da CAEP com o tema: “História das ideias e lutas sociais no Brasil e América Latina”. O encontro contou com participações de diversos atores ligados a organizações sociais do campo popular do estado de São Paulo.
O objetivo central deste encontro foi refletir acerca das ideias e lutas sociais no Brasil, tanto em sua historicidade, como em suas tendências recentes, problematizando o processo histórico de organização e de luta da classe trabalhadora, em particular, por meio dos movimentos sociais.







28 de junho de 2014

Em andamento o II Módulo da Comunidade de Aprendizagem em Educação Popular

Nesse fim de semana acontece o segundo módulo da CAEP, na Escola Florestan Fernandes. Com a temática Ideias e Lutas Sociais no Brasil e na America Latina, o documentário Ao Sul da Fronteira foi exibido e discussões foram levantadas a luz do texto Acerca do "Modo de Produção das idéias " na América Latina, do autor Aluizio Alves Filho.


17 de maio de 2014

Começando agora o primeiro módulo da Comunidade de Aprendizagem em Educação Popular da Recid São Paulo!

Estamos aqui na Escola Nacional Florestan Florestan Fernandes em Guararema, prontos para passar dois dias pensando a Educação Popular, o Estado e a Sociedade!


24 de novembro de 2012

Salve, Recidianos do Brasil


Começamos o nosso breve relato querendo acreditar que “vem vamos embora, que esperar não é fazer, quem sabe faz na hora, não espera acontecer". Ontem diversas organizações realizaram mais um ato contra o genocídio da população preta, pobre e periférica, o modo mais visível e absurdo por meio da qual o conflito de classe está se desenrolando atualmente. Estas mesmas organizações, que vêm se encontrando semanalmente a fim de levantar dados reais, explicitar o que tem ocorrido no Estado, a fim de superar este momento que estamos sobrevivendo. Dizer que "estamos vivendo" é um tanto utópico neste momento. Sobrevivemos a cada dia à violência traçada pelo Estado, nesta semana perdemos uma militante integrante de um grupo de jovens católicos que atende vítimas da violência. Foi morta na noite de anteontem a 73 metros de sua casa, no Jardim São Luís, zona sul da capital. Um dos homens pulou da moto, entrou no bar ainda de capacete e apontou a arma, disparando cerca de 30 vezes, afirmaram testemunhas. Três tiros acertaram Luciene. Ela morreu no local, diante de primos e amigos. Esta foi a 17ª chacina do ano na Grande São Paulo, a quarta desde sábado. 

Na zona sul de SP “tá tudo errado”, as crianças estão com medo de irem para as escolas, os jovens já não podem conversar nas calçadas e praças, os adultos tendo com única diversão o bar, já não os podem frequentar, pois o nosso direito e ir e vir é violado. Dia pós dia, como bichos estamos vivendo por traz das grades das nossas casas, quando ainda podemos tê-las. 

Ontem caiu o então secretário de segurança. Para nós, moradores e trabalhadores nas periferias, poucos motivos temos para acreditar que algo vai mudar em curto prazo. Não querendo ser pessimistas, mas já sendo, nem a longo prazo, pois está política já está instalada em SP há muitas gestões, deste que o atual partido político assumiu. Algumas falas da comunidade demonstram isto: "É revoltante. A gente vive em uma guerra civil e o governo, acuado, não faz nada. É uma dor terrível", disse um primo de Luciene, que será enterrada nesta manhã. A polícia afirma que ainda não tem suspeitos e ”a gente vê na TV e acha que quem morre é sempre envolvido com o crime. Mas, estão passando e atirando em qualquer um", afirma o dono de uma lanchonete do bairro, que não quis dar o nome. Morreu mais gente na capital paulista no ano de 2012, que nem terminou ainda, do que EM TODO O PERÍODO DA DITADURA MILITAR NO BRASIL (20 ANOS). 

Assim, semana a semana explicitamos as nossas angustias que saem dos nossos corações. Que possam ganhar o mundo. Assim, talvez teremos a possibilidade de voltar a VIVER. Sobre o “apoio do governo federal”, é importante frisar que nas TVs paulistas todos os dias estão clamando pelas Forças Armadas para “contribuir” no combate ao crime organizado. Entretanto na perspectiva dos movimentos populares é evidente que não precisamos de “mais policia”, pelo contrário, o que se precisa é que as polícias parem de torturar e matar. Para tanto, há que se ter uma contribuição federal sim, mas principalmente para se investigar e combater os crimes cometidos pelos agentes policiais. 

Medidas apontadas pelos movimentos com o objetivo de reverter este quadro: 

1. Desmilitarização das policias no Brasil; 
2. Implantação urgente do mecanismo estadual de combate a tortura nos Estados. 
3. Possibilitar a participação social efetiva na construção das políticas públicas de segurança; 
4. Fim de lavratura de BOs de “resistência seguida de morte”; 
5. Separação da policia científica e do IML da secretária de segurança. 
6. Que o Estado dê garantia de vida e assistência psicológica a todos os familiares de vitimas com participação de policiais, além de garantir uma indenização em reparação à grave violação de direitos cometida pelos agentes estatais. 

RECID–SP 
Em 23/11/2012

22 de novembro de 2012

Aos Companheiros e Companheiras de Desabafo e Luta


Vimos por meio desta carta trazer uma pouco das realidades que temos que enfrentar de luto, sofrimento, dor e por que não dizer de pânico. Morar ou trabalhar nas periferias de SP ficou tão perigoso quanto morar nos países em guerra, se é que não é isto que estamos vivendo mesmo sem as autoridades declararem como tal, porém nossa guerra velada tem inimigos não declarados. Não sabemos até onde vão suas forças ou se a conhecemos temos que disfarçar nossas indignações se quiser nos manter vivos e vivas para continuar na luta que não se finda agora. É torturante ter que ir às reuniões buscando palavras que tragam a nossa indignação sem apontar ninguém para que não viremos alvo do momento. As reuniões são vigiadas, antes indiretamente, hoje diretamente, por homens apaisana que sequer disfarçam suas atitudes e modos. Temos que enfrentar grampos nos celulares dificultando nossos contatos para evitar uma articulação ainda mais profunda e política para o enfrentamento real do problema. 

Queremos entender porque tantos atos de covardia, porque tantas perseguições. Será que a ascensão dos movimentos de cultura nas periferias, com atos e atividades em prol do processo de conscientização fez, como em 64, olhar para estes atores e ver neles além de ativistas da cultura propensos “ terroristas?” Pois é assim que muitos vem sendo tratados, com espaços fechados por diferentes motivos, com perseguições aos espaços e aos militantes dos mesmos. Alguns destes espaços sofreram, nestes últimos dias, toques de recolher para evitar que as pessoas estivessem nas ruas e pudessem constatar a carnificina, que é tocada de modo especial, nos fins de semana. Em um fim de semana do mês de outubro foram vitimadas cerca de 35 pessoas (do dia 09 ao 11). No mês de novembro a situação se repetiu desde o seu primeiro dia, pois foram cerca de 08 a 15 mortos por dia dia em diferentes bairros, mas com a mesma crueldade. Motoqueiros mascarados sortearam balas para os que ali estavam, casos que pessoas estavam em ponto de ônibus. Estes mesmos mascarados passam e gritam “corram sem olhar para traz” e a dispararam a esmo, executando assim os que ali estavam. 

A indignação vem crescendo dia-a-dia, as periferias vêm acordando para as verdades das ruas e vendo menos verdades frente à TV. As famílias vêm relacionando o que está acontecendo na rua com o que é noticiado pelas grandes mídias. Dia após dia diversas inverdades se tornam verdade na boca de alguns sensacionalista que estão orquestrados com estes que promovem os atos de violência em SP. Quem nasceu mora e trabalha nas periferias sabe bem de onde está vindo a bala, que não é perdida, que não é um ato de desespero, mas que é sim uma FAXINA ÉTNICA em prol dos grandes modelos de desenvolvimento. Basta olhar os mapas das regiões que tiveram seus direitos violados. Elas ou estão às margens das grandes obras ou são área de grande movimentação financeira (pontos de tráfico). 

As operações Saturação e, agora em discussão a Operação Delegada (Operação Delegada Lei n. 14.977/09 e Decreto n. 50.994/09), são convênios entre o governo do Estado de São Paulo, por meio da Polícia Militar, e a Prefeitura Municipal, por meio da Coordenadoria de Subprefeituras. Permitem que policiais em dias de folga trabalhem até 96 horas por mês para a Prefeitura, ganhando uma gratificação extra pela municipalidade. Estabelece uma transferência das atribuições de controle do comércio informal dos fiscais das Subprefeituras e policiais da GCM para a Polícia Militar.

Consideramos que esta operação é uma forma de militarizar a administração pública e de criminalizar a população empobrecida da nossa cidade. Os nossos jovens pobres e negros não podem ser tratados como culpados ou criminosos, queremos discutir uma política pública de segurança com a participação da sociedade civil organizada, que preze pelo respeito e pela garantia dos direitos humanos e não reforça somente o caráter punitivo e criminalizador. No tangente à pacificação, porque não pacificar áreas com o Higienópolis ou Cidade Jardins, porque pacificar somente as comunidades e dentre estas somente aquelas que têm um desenvolvimento financeiro não controlado pelo Estado? Enfim estamos todos e todas com medo no momento, mas não nos calaremos frente ao que está dado. 

Próximos passos: 
  • Reuniões semanais no comitê estadual contra o genocídio da população negra e pobre. 
  • Reuniões quinzenais na zona sul com diferentes coletivos e movimentos populares. 
  • Ato político no dia 22-11-2012 na área central. 

RECID-SP

9 de novembro de 2012

Recid Contra o Extermínio da Juventude Negra

Reunidos em Brasília, na Segunda Reunião Ampliada, nós, educadores populares de todo o país, acolhemos o manifesto dos companheiros/as da Recid-SP contra a criminalização e extermínio sistemático da juventude pobre, negra e periférica. Reconhecendo que a violência contra nossos jovens está ocorrendo em todo o país, a REDE DE EDUCAÇÃO CIDADÃ encaminha seu manifesto à Secretaria de Direitos Humanos com assinatura de todos os educadores presentes na Ampliada.

Segue abaixo a carta da Recid, encaminhada à Secretaria dos Direitos Humanos.


"Aos companheiros e companheiras da RECID
Está carta vem em meio a uma conjuntura massacrante de SP, estamos escrevendo para partilhar situações, episódios e encaminhamentos que temos tido ao longo destes últimos meses de modo especial. 
Em uma suposta guerra com uma possível facção criminosa, parte da Polícia Militar está envolvida numa onda de assassinatos que já fez dezenas de vítimas, elevou em quase 100% o índice de homicídios no Estado e aterroriza as periferias. As periferias que vem sendo citiadas, invadidas dia após dia, sem nenhuma explicação pertinente, a explicação que a nosso ver e de tantos outros movimentos não cabe que as comunidades (favelas) estão sendo ocupadas para manter a ordem e descobrirem que são os mandantes das cerca de 90 mortes dos policiais, porem não vemos o mesmo acontecer em prol das quase 1400 mortes oficiais de civis, dentre estes mais de 70% homens, jovens, negros e moradores de periferias. 
O crime dos civis tem tido pouco ou nenhuma divulgação, estamos vivendo em SP quase dentro de um estado de exceção onde o direito de ir e vim vem sendo tolido dia após dia com toques de recolher em diferentes momentos do dia, até onde temos acompanhado estes mesmos toques não é dado pelos “supostos criminosos” e sim uma orientação da policia militar, as famílias estão ficando amendrotadas a ponto de evitarem que seus filhos saiam de casa e vão seja para a escola, seja para umas oficinas, seja para uma atividade cultural, os espaços de cultura (saraus) da região do distrito do Jardim Ângela quase em sua totalidade vem sofrendo represarias para se manter fechados de modo especial aqueles espaços que combatem a política do então governo estadual. 
Precisamos fazer ecoar as dores das mães que vem perdendo seus filhos desde 2006 quando cerca de 500 pessoas foram assassinadas entre sociedade civil e funcionários da segurança pública, sequer as investigações seguiram e hoje novamente se repete os mesmos atos de violência. Precisamos fazer ecoar as vozes de centenas de mulheres de denunciam o envenenamento de seus pares nos Centro de Detenção Provisórios, presídios e colônias de segurança pública. 
Ocupar as nossas comunidades assim como fizeram no RJ no nosso entendimento reforcará as políticas punitivas que tem produzido a atual conjuntura. Nos últimos 20 anos o governo do estado vem tendo uma expansão vertiginosa triplicando o número de vagas em detrimento de alternativas educacionais. Na administração pública assistimos uma militarização sem precedentes nas nossas periferias vivemos o misto da ausência do estado (provedor) e excesso do estado (punitivo) que aqui se efetua em dupla articulação: aprisionamento e extermínio. Denunciamos nestes últimos meses em diferentes frentes, esferas e espaços que está dupla via se dá com a policia oficial (fardada), por outro através dos grupos de extermínio formados por uma parcela desta mesma policia, explicitamos que o alvo desse excesso tanto pelo aprisionamento ostensivo quanto pelo extermínio sistemático são aqueles que podemos identificar sob três adjetivos: pretos, pobres e periféricos. 
Por tudo relatado acima entendemos que a opção do governo federal não deve ser uma mera soma ás políticas punitivas que vem sendo levadas pelo governo estadual, mas contribuir para barrar a política de extermínio, pautar o governo para que tenhamos uma política de segurança publica baseada na defesa e não na violação de direitos. Este último ponto não é uma tarefa exclusiva de gestores públicos, mas um compartilhamento com os Outros – os presos, os nóias, os moradores de rua, os moradores das periferias, enfim todos aqueles e aquelas que moram no estado de SP e que vem dia após dias vendo seus direitos violados. O que pedimos não é uma soma fácil, repetitiva a toque de caixa. Pedimos uma nova soma: que ao invés de subjugar ainda mais estes Outros, que os tragamos para isto que chamamos de democracia. 
Assim nós da RECID e de tantos outros coletivos partilhamos nossas dores, preocupações e anseios em como consta em O Embaixador “ Achavam-se agrupados e presos a terra, por uma raiz comum, como uma moita de bambu. E, como esse vegetal, inclinavam-se e dobravam-se. Mas sobreviviam ás maiores tempestades”. (Morris West), assim estamos todos neste momento, inclinamos as vezes, sofremos baixas em outras, mas sobreviveremos.
Rede de Educação Cidadã 

RECID - Coletivo Nacional